RODRIGUES, Írio. Coletânea. Rio Grande: [manuscrito], 1998.

POBRE RIQUEZA

                                               

Negros e brancos
Ricos e pobre

Ninguem é nobre
Somos iguais
Ante do túmulo
Não há reinado
Reis e rainhas
São igualados
Aos desgraçados
Ninguém é mais.
 
Aristocratas!
Barões, nobreza
Pobre riqueza
É tudo vão
São consumidos
Esquecidos
Monte de ossos
É o que eles são.
 
Imperadores!
Capitalistas
Grandes artistas
Não são ninguém
Tanto orgulho
Tantas vaidades
Mas na verdade
Morrem também

E são sepultados
Em finas capelas
Mas dentro delas
Só há podridão
Prata e ouro
Em seus letreiros
Junto ao mau cheiro
A ostentação.

Deixam fortunas
em ouro e prata
A morte ingrata
Não os poupou
Vieram do pó
E ao pó retornam
Flores os adornam
Nada restou!

 


 

UM SENHOR DA NOBREZA

 


 Noite tempestuosa e fria
Aqueces as tuas alegrias
Nas calorosas chamas do prazer
Tua lareira vara a noite acesa
Petiscos finos e vinhos sobre a mesa
Puro egoísmo a te entorpecer.
 
Meio da noite surge a criadagem
Para servir-te tens também um pagem
Ao simples espalmar das mãos
Pronto senhor aos seus aposentos
E enquanto os pobres dormem ao relento
Loucos de fome sem comer um pão.
 
Pobre de ti senhor da nobreza
O quanto é falsa a tua realeza
Os teus castelos de prazeres vãos
Não destes conta em tua vaidade
Que para Deus rico na verdade
É quem pratica o bem de coração.
 
Não partilhaste em meio a riqueza
Uma migalha de tua farta mesa
A quem pedia respondeste não
Fechaste a porta para o indigente
Mas hás de vir aqui novamente
Através da reencarnação.
 
Se cumprirá em ti a lei, e um dia
Hás de tornar pedinte a quem pedia
A mesma porta tu irás bater
Só que ao invés de rico e abastado
Virás a terra pobre e desgraçado
A implorar um pão para o viver.
 
A vida é uma batalha, que não sessa
Cada dia que surge
É um novo dia
De lutas, que começa.


 

O AVARENTO


 

Aquele homem não tinha amizades
Tinha o dinheiro e a ningém auxiliou
Mas um dia por infelicidade
Caiu na rua e de alguém precisou.
 
Por ali vinha  um pobre coitado
E ao ver o ricaço no chão
A gemer com um dos joelhos quebrados
Socorreu-o estendendo-lhe as mãos.
 
Não fosse o pobre que ali vinha passando
De sentimentos voltados ao bem
Aquele homem de dor morreria gritando
Pois por ali não passou mais ninguém.
 
Porém a sorte ajudou o ricaço
Foi neste instante que o pobre passou
E carregou o ferido em seus braços
Pleno de amor, mais um bem praticou.
 
E constrangido o rico avarento
Sem saber como o agradecer
Tirou do bolso uns trinta talentos
Os deu ao pobre sem nada dizer.
 
Desde esse dia tornou-se fraterno
A caridade praticou por amor
Entrou nos céus, saiu do inferno
Em que vivia o tal senhor.
 
 

   Nos mais renomados setores da vida humana, existem múltiplas opções de aprimoramento e labor do homem, a escolha é sua, seja um vencedor ou mais um derrotado, sem perspectivas de progresso, enquanto dormita tranqüilo a sombra fresca e prazeroza da ociosidade.

 

 



 ENTRE AS MULHERES E AS FLORES


 

 

As mulheres simplesmente se perfumam
Eu prefiro as flores!
 
Eu prefiro as flores às mulheres!
As flores são mudas
As mulheres tagarelas!
As flores são quietas
As mulheres inquietas!
As flores nada exigem
As mulheres são exigentes!
As flores são perfumadas
As mulheres simplesmente se perfuma!
As flores são coloridas
As mulheres se colorem!
Pintam-se
As flores me alegram
As mulheres me entristecem!
As flores enfeitam a vida
As mulheres na vida se enfeitam!
As flores são sempre flores
As mulheres as vezes mudam!
Por mil razões
Eu prefiro as flores
Às mulheres!
 
 

 

TALVEZ NÃO TENHAS TEMPO

 


 

Irmão, talvez não tenhas tempo
Para doar um pão
Mas sobre tempo para o repartir
 
Talvez não tenhas tempo
Para apontar o bom caminho
Mas sobre tempo para indicar o mal
 
Talvez não tenhas tempo
Para amar
Mas sobre tempo para odiar
 
Talvez não tenhas tempo
Para estender a mão
Mas sobre para a retrair
 
Talvez não tenhas tempo
Para dar uma palavra de conforto
Mas sobre para mil palavras dar
 
Talvez não tenhas tempo
Para derramar um pranto
Mas sobre para o estancar
 
Talvez não tenhas tempo
Para dar um sorriso
Mas sobre para gargalhar
 
Talvez não tenhas tempo
Para observar o Evangelho
Mas sobre para o ignorar
 
Talvez não tenhas tempo
Para ajudar um coxo a atravessar a rua
Mas sobre para ir e vir
 
Talvez não tenhas tempo
Para ser útil ao próximo
Mas sobre para ser inútil
 
Talvez não tenhas tempo
Para virar-te de frente
Mas sobre para dar as costas
 
Talvez não tenhas tempo
de Chegar
Mas sobre sem saber a onde ir
 
Talvez só tenhas tempo
De bater na porta
E a Deus não sobre tempo
De a porta abrir-te
 
 

 


O DEDAL

 

Sou qual um anão 
De Tão minúsculo caibo
No interior de um dedal de costura
De quando em quando
Saio as suas bordas
Para espiar a grandeza
Dos homens
 
E o que vejo!
Míseras criaturas
Que pensam serem
O que não são
Em suas estúpidas
Fantasias de irrealidades

Não passam de seres

Deslumbrados
Supostos deuses
Das Luxúrias mundanas
Escravos do orgulho
E das vaidades
Efêmeras e passageiras
Deste mundo hipócrita
Que os ilude com a falsa
Soberania dos títulos
E das posições sociais
Tão transitórias quanto
A própria vida
 
 
 

 

 

 

AINDA A CAMINHO

 

Ainda a caminho
Deixarei prostrado
O meu olhar
Sobre aquela rosa
Fresca e perfumada
Desposada por um colibri
Em seu passeio matinal
No cenário artístico
De um jardim
 
E no bailado atônico
De seu vôo
A graça delicada
De seu beijo
A sugar o néctar
Saboroso de suas pétalas
Cor de algodão
 
E eu! Eu morrendo de ciúmes
Daquele pássaro
Frágil e pomposo
Impecável em sua vestimenta
Cor de mar
 
Indiferente ao meu ciúme
Ali a frente dos meus olhos
Num clima primaveril
Ele a conquistou
Com toda aquela sua majestade
 
Sim! Dominou-a e a possuiu
Possuiu a rosa, a branca rosa
Dos meus sonhos
Hoje dormirei
Abraçado com minha tristura
Sem o amanhã
Me despertar
Nas praças
E nos lugares
Por onde hoje ando
Há de ficar insolúvel
A minha presença
 
O eco do meu rir
As lágrimas amarguradas
Que de quando em quando
Assaltam o meu ser
Enclausurado
Na mais triste solidão
 
Sumirei!
Mas sobrará de mim
Um resto de nostalgia
Na virada daquela esquina
Que tantas vezes
me viu passar
Com minha bolsa
Debaixo  do braço
Carregada de esperanças
À caminho, talvez do nada.
 
 
 

AVAREZA


Ele era rico, mas não passava de um coitado
Um infeliz que ao dinheiro se agarrou
Se a sua porta batesse um necessitado,
Dava uma ordem: Vá dizer que eu não estou.
 
Mas, o criado, homem de bom coração
Sempre atendia, a praticar a caridade
As escondidas, dos olhares do patrão,
Dava um só pão, mas recheado de bondade.
 
Porém um dia, ficou doente o infeliz,
Ia morrer, se achegou a sua hora.
Sua mansão e os bens que tanto quis
Nada lhe valem, porque tem que ir embora.
 
Soou a hora derradeira, e a riqueza
Daquele homem sem parentes e sem ninguém,
Não levaria apesar de sua avareza
Os bens da terra, não se contam no além.
 
Mesmo assim o egoísta, o mesquinho
Agonizante no meio do dinheiral
Chama o criado e sussurra bem baixinho;
Enterra o ouro, vou  levar o meu capital.
 
Mas o criado, homem simples e obediente
Pela primeira vez não atendeu
As ordens do patrão que inconsciente
Ardia em febre no leito onde morreu.
 
Ele sabia que a fortuna enterrada
Jamais traria benefícios a alguém
Tinha esperanças que ela fosse destinada
As obras filantrópicas do bem.
 
Que a tal riqueza se espalhasse entre a pobreza,
Nos óbolos caridosos do amor
Levando o pão com fartura para a mesa
Do pobre indigente, sofredor.
 
E ao ver o patrão naquele estado
Implora a Deus, tenha dó, dai-lhe o perdão
Entre os sacos de dinheiro abarrotados,
Ele morria, não havia salvação.
 
Não deixarei a ninguém minha riqueza,
Porém a fria morte o enganou.
Pouco depois já estava morto sobre a mesa,
Da sua riqueza, nem um só tostão levou.
 


 

A ROSA, O CRAVO E O JASMIM


 

Passei num jardim em flor
Fiquei deveras encantado
A rosa, jurava amor
Ao cravo, seu namorado
 
E o cravo também jurava
Mas, com ciúmes do jasmim
E a rosa delirava
Entre amores, dois sem fim.
 
O jasmim neste instante
Frente a rosa se ajoelhou
Jurando-lhe amor constante
Mas, a rosa o desprezou.
 
E beijando-se com o cravo
Ainda a frente do jasmim
Provaram que eram escravos
Ambos, de um amor sem fim.
 
E o jasmim desiludido
Triste a sós, na solidão
Foi por ela esquecido
Ao pedir a sua mão.
 
E o cravo envaidecido
Conquistou seu grande amor
Casou-se, virou marido
Da mais linda rosa flor.
 
E a branca rosa atraente
Do cravo encantador
Gerou estranha semente
Por isso variou sua cor.
 
É um prodígio, realmente
Ninguém sabia a razão
Por que são tão diferentes
As cores que as rosas dão.
 
E feliz por todo o sempre
Naquele jardim em flor
Refloresce eternamente
A rosinha de outra cor.
 


 

[O analfabetismo]


O analfabetismo é uma epidemia grave

Seus pacientes sofrem de uma enfermidade
A chamada ignorância.
É necessário vaciná-los urgentemente
Com a infalível vacina
Da alfabetização

Tu és tão anão, mas tão anão
Que a minha gigantez, te assusta
Queria ser professor, para ensinar a todo o mundo
A cartilha do amor, no sentido mais profundo.

Não cursei a faculdade
Sabes onde me formei?
Nas minhas dificuldades,
E nas provas eu passei.

Não ambiciones riqueza
Sê pobre, te sintas bem,
Descobre na tua pobreza
A riqueza que ela tem.

Na vida somos crianças
Eternas, mas sem saber
Adultos na semelhança
Crianças no conhecer.

Minha mente não se cansa
Está sempre a procriar
Eu vivo feito criança
Nos meus versos a  me embalar.

Eu também sou bacharel
Da faculdade, Amargura
Sem diploma e sem anel
Mas de boa formatura.

 



 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REFLEXOS DA REALIDADE

 

 

 

 

IRIO RODRIGUES


 

 

o Poeta Pobre

 

dezembro de 1.999


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

     Almejo atingir o meu objetivo maior que é o de transmitir aos meus irmãos de jornada, as mensagens edificantes do amor, das quais sou um mero mediador.

 

 

Meu canto triste ressoará  vida à fora

Embora eu tenha me ido deste mundo

Não deixarei minha presença ir embora

Há de ficar nos meus cantares tão profundos.


 

Mensagem Natalina


 

 

  Vinte e cinco de dezembro, data magna em que nós cristãos comemoramos o nascimento do menino Jesus, numa modesta manjedoura, em Belém da Judéia, cercado de seus ilustres visitantes, os três reis Magos, provindos do oriente a Jerusalém, num ato de fé e num cerimonial de adoração ao Divino Redentor.
  Conta-nos os anais bíblicos e os santos evangelhos que naqueles tempos a quase a dois mil anos já passados, todos estes fatos se sucederam ainda na remota era do rei Herodes.
   Reverenciamos nesta data anualmente, num ato de fé, amor e respeito o maior filósofo que o mundo conheceu, baseados em relatos testemunhais de seus santos discípulos e seguidores da época.
   Jesus aqui veio trazer-nos através de sua memorável passagem terrena a mais sublime lição de amor, bondade e desprendimento doando sua própria vida em redenção dos nossos pecados, e espera que sigamos literalmente seus santos ensinamentos e seu exemplo inigualável de amor ao próximo recomendando-nos “Amaivos uns aos outros”, não vos esqueçais.

 

Dezembro de 1.999.

 

 

Neste Natal e Ano Novo

Exploda os corações de alegrias

Dinamitando violenta carga de amor

Sobre toda a Humanidade.

 

 



NA TERRA DAS IGUALDADES

 

Na terra das igualdades
Não existem diferenças
Embora haja descrenças
Ha uma lei  universal.
 
Branco, negro, rico ou pobre
Ninguém é chamado nobre
Um do outro lá é igual.
 
No túmulo a morte fria
Extingue  a soberania
Deste corpo sem valor.
 
Desta falsa envergadura
Só vale a essência, a pura
De quem pratica o amor.
 
Por isso tenha cuidado
Não adote preconceitos
Nós todos temos direito
De viver e ser feliz.
 
Branco ou negro, que importa,
Quando a morte abre a porta
Só a uma diretriz.
 
Trate a todos com carinho
Ilumine os caminhos
Com a luz do seu amor.
 
Plante o bem a vida inteira
Por que ela é passageira
Só assim terá valor.
 
Na trajetória terrena
O que conta e vale a pena
É o bem  que se traduz.
 
Porque lá na eternidade
Só com amor e bondade
Estaremos com Jesus.
 
E não te esquece  irmão,
De amparar os pequeninos
Os anciãos, porque o Divino
A muitos desses amou.
 
Se tiveres boa vontade
Através da caridade
Servirás ao teu Senhor.

O orgulho e a vaidade
Que a humanidade se encerra
Se extingue na eternidade
Dos sete palmos de terra.
 
 


 

O FILME

E o filme está passando novamente
Reprise, dos momentos que vivi.
Na tela da saudade estão presentes
As cenas do passado que esqueci.
 
Agora entrei em cena, e num repente
Na tela da saudade me revi
Brincando na lagoa que era em frente
A casa onde eu morava em guri.

E lá estou eu nos belos tempos de criança
Meu doce mundo que no tempo se perdeu
De calças curtas, pés no chão, quantas lembranças
O passado, no meu filme reviveu
 
Recordações são filmes que encenei
E que o passar do tempo arquivou
Velhas lembranças, tudo o que representei
Na minha vida, o meu filme me mostrou.
 
Eu assisti ali no Cine Realidade
Ao projetar o pensamento ao passado
Meu próprio filme, o auge da mocidade
Quimeras, sonhos, os que foram destroçados.
 
Última cena! Eu estou aqui sozinho,
Sentado na poltrona das recordações
A assistir meu filme, já velhinho!
No fim da vida, a chorar de emoção.
 


 

NENHUM VINTÉM

 

 

Vos contarei a história de um ricaço
De um egoísta, um homem mau, sem coração
Que trabalhou a vida inteira, sem cansaço,
Enriqueceu, porque nunca abriu a mão.
 
Não dava nada a ninguém, sempre dizia,
“Por que não fazem como eu que trabalhei
A vida inteira, dia após dia, sempre lutando
Pra chegar onde cheguei”
 
Se a sua porta batesse um indigente
Louco de fome, a lhe implorar um pão
Lhe respondia, a sorrir cinicamente
“Volte outro dia, não se encontra meu patrão”
 
Porem um dia o desgraçado adoeceu
Em sua mansão , onde vivia sozinho
No meio do dinheiro ele morreu.
Estava a sós, nunca foi um bom vizinho
 
Por fim na solidão em que vivia
O infeliz morre sem ninguem
E do dinheiro que juntou dia após dia
Nada levou, nem ao menos um vintém.
 
Ter dinheiro ou não ter
Não faz muita diferença
O difícil é aprender
A não ter, e ter paciência.
 



 

Ó TU QUE ÉS VENTUROSO

 
Do frio hibernal és protegido
No conforto suntuoso do teu lar.
Porem dos pobres talvez tenhas esquecido
Dos que dormem ao relento, sem um lar
 
Talvez não lembres nem por um momento
Dos que andam famintos por aí
Nem quando te recolhes aos aposentos
E acendes a estufa e vais dormir.
 
Ó tu que és venturoso nesta vida
Devias pelo menos evocar
Numa prece a Deus pelos que não tem guarida
E vivem pela rua a rolar. 

FILOSOFANDO 

As idéias são quais as plantas
E necessário fertiliza-las
Com o adubo da inspiração
Para que as sementes se desenvolvam
E procriem com fartura
Na lavoura da sabedoria.

 

 



IRMÃO

 

   Irmão, usufrua  o máximo desta passagem pelo plano material para o seu próprio adiantamento espiritual, Observe atentamente os conseitos caritativos do amor, pondo em prática os dotes da caridade a serviço do bem comum. Labuta com afinco na seara fraternal dando tua parcela de contribuição aos menos favorecidos, assistindo-os na dor e no sofrimento, fazendo parte da grande legião dos trabalhadores da última hora.
   Não vos esqueçais que aqui estamos para resgatar nossas dívidas pretéritas as quais granjeamos em precedente passagem por este plano, e o Senhor em sua infinita misericórdia numa revelação de amor por suas criaturas, concede-nos esta oportunidade de reequilibro com a milenar lei que nos rege.
   Este estágio na terra não é mais do que um relâmpago no céu e ao retornarmos ao mundo espiritual, prestaremos contas dos nossos feitos ao tribunal Divino.
   Por mais pobre que sejamos todos temos algo a dar:
   Use a voz para transmitir uma palavra de esperança,
   A força, para reerguer os fracos,
   A visão, para guiar os cegos,
   A mente para induzir ao bem,
   As mãos para doar o pão.

   Felicidades irmão, que o Senhor te ilumine nos caminhos espinhosos da vida.

 
FILOSOFANDO

Existem seres humanos na face da terra
Que por desconhecimento de seus valores intrínsecos
Sentem-se uns verdadeiros deuses diante dos homens, mas infelizmente estes nem pra diabo servem.
 
A mentira na verdade
Se for pra salvar alguém
Se transforma em caridade
Na verdade só faz bem.

 


 

A PROCISSÃO DE “CÓRPOS TRISTES”


Corpos tristes
Os que andam aí passando,
Pelas ruas se arrastando
Feito cobra pelo chão.
São dos coxos e estropiados
Que andam sempre apoiados
Nas muletas, ou pelas mãos.
 
São corpos em aleijumes
Quais as vezes sem queixumes
Vivem esta provação
De passar a vida inteira
Condenado a uma cadeira.
De rodas, sem ver razão.
 
E alguns em trapos vestidos
O dos pobres, os esquecidos
Que a sociedade não viu
Por descuido ou indiferença
Ditou-lhes triste sentença
Quando a porta não abriu.
 
São tantos, que quando os vejo
Entristecido almejo
Suas dores amenizar
Implorando a Deus bendito
Por estes irmãos aflitos
Que não podem caminhar.




 
                                            UM IRMÃO SOBRE A CALÇADA

 
Ao veres um irmão sobre a calçada
Dormindo, estirado ali no chão
Passas, como se visses nada
Não sentes, nem ao menos compaixão.
 
Maldito, não tens coração
Não sentes nem ao menos piedade
Daquele sofredor que é teu irmão
A espera de um gesto de bondade.
 
Esqueces que o mundo dá mil voltas
E podes tropeçar, cair no chão
E amanhã bateres de porta em porta
Pedindo abrigo, sem saber a este irmão.
 

DEDUÇÃO
 
Viemos e vâmo-nos deste mundo
Sem hora pra chegar ou partir,
Porém nossas sementes se reproduzirão
Perpetuando para sempre a nossa  memória
A través das porvindouras gerações,
Que por sua vez gerarão novos frutos
No pomar da existência
Dando continuidade a nossa descendência .
Dos nossos ancestrais procedem pequenos grupos
De seres viventes, que integrados ao demais
Formam a vasta população universal.
Heis aí a sistemática de ordem e harmonia
Da própria natureza.
 
 


 

 AO PARTIR

 

Um dia vamos embora deste mundo
Deixando o convívio familiar
Alguém a de sentir pesar profundo
Sentindo nossa ausência, vai chorar.
 
Não mais há de escutar a nossa voz
Nem ter o nosso afago carinhoso
Desconsolado lembrará de nós
De um dia no passado, tão saudoso.
 
Porque na vida tudo, tudo passa
É como um sonho que ficou pra trás
Quem hoje rindo vem e nos abraça
No amanhã não nos abrace mais.
 
Dê muito amor aos entes queridos
E aos amigos dê muita atenção
Pra que ao morrer não sejas esquecido
Todos lamentem a separação
 
Leve consigo na morte a certeza
De que na vida lhe queriam bem
Que só deixou saudade e tristeza
No coração de quem muito lhe amou também.
 



 

RACISMO

 
Sentei-me a sombra num banco, lá na praça
E lá estava um senhor branco a descansar,
Foi quando vi um casal negro, gente da raça
Pedir licença, só queriam se sentar.
 
Porem o homem era racista, levantou
Saiu a passos, com ares de desdém
É inadmissível, tudo isso se passou
Naquela praça, eu relembro muito bem.
 
O preconceito é sinal de desamor
Brancos e negros para Deus tudo é igual
Somos seus filhos embora varie a cor
Irmãos em Cristo, sem separação racial.
 
Ouvi dizer que o senhor branco já morreu
Foi sepultado bem ao lado dum negrinho,
A sepultura que o coveiro escolheu
Por ironia, deu-lhe um negro por vizinho.
 

CRIAÇÀO

 

Reprazer termo criado por mim
Para expressar a dupla alegria do reencontro
De dois seres distintos abrangidos por um só laço, a amizade.
 


 

 

 

 

A CRUZ


Sou um homem audaz, corajoso e valente
Já mais senti medo de assombração.
Dizem que a noite andam coisas diferentes,
Aparecendo por aí na escuridão.
 
Pago pra ver, se aparecer na minha frente,
Eu não me assusto, vou e passo no facão
Depois pergunto, de onde vieste tu vivente?
Se és do inferno, tu entrastes contra mão!
 
Não tenho medo de nada neste mundo,
Alma penada, lobisomem e boi tatá,
são historietas que contava o seu Raimundo
Pra peanada no galpão a chimarrear.
 
São velhos contos, não passam de fantasias
Que o seu Raimundo contava para assustar.
Lá na fazenda, pras bandas da freguesia
Gente do mato, tremiam só de escutar.
 
Havia uma bodega de beira de estrada
Onde a noite ele ia pra jogar
E beber pinga junto da rapazeada
Das redondezas das estâncias do lugar.
 
E o bodegueiro lhe disse com ironia,
Ouvi dizer que és cuera macho e gozador
Quero que vás ao cemitério da freguesia
Cravar uma cruz numa cova, por favor.
 
Olha compadre, estás falando com o homem certo,
A meia noite, se quiser vamos apostar,
Eu pulo o muro, lá está tudo deserto,
E finco a cruz na cova que me mandar.
 
E assim fez. A meia noite lá chegou
Cravou a cruz e a barra da capa junto
Ao se virar , só do susto que levou
Caiu morto, sobre a cova do defunto.
 
 


 

A SOMBRA

 

Hoje o meu dia amanheceu sorrindo
Era só festa no meu coração
O sol brilhava, meu vulto repetindo
Pelas paredes feito assombração.
 
Ali andava minha silhueta
Acompanhando-me a me refletir
Na luz do sol, a minha sombra preta,
Seguia os passos sempre a me seguir.
 
Então pensei eu para comigo,
Será que existe além de mim alguém?
Como se fosse  um anjo bom, amigo,
Me protegendo, vindo do além.
 
Mas dei-me conta logo enseguida
Entre o passar da perturbação
Éramos dois, vivendo numa vida
Um era eu, o outro a sombra, e fiz confusão.

 


 

PERDIDOS E ACHADOS

 

Perdi meu sorriso,
Favor quem o encontrar
Devolver no endereço abaixo citado, urgente!
 
Rua do sofrimento, esquina da desilusão.
Número 100 esperanças
De o encontrar.
 
O mesmo foi perdido
Num dia de tempestade no amor
Num violento temporal.
Por isso meu semblante está triste e sem graça
Preciso voltar a sorrir.
 
Será gratificado
Com a minha alegria quem o devolver.
 


 

O MUNDO ENCANTADO

 

O mundo encantado da poesia
É um universo de rara beleza
De deslumbramento e sedução
E ao adentrarmos em seu interior
Nosso ego  vibra de emoções, estranhas emoções
Que só no estado de alfa e vibrações astrais
O ser humano é capaz de capta-las,
E viver doces momentos de ternura e paz.
Até então desconhecido para nós outros, deixe-se enlevar
Pela magia envolvente da poesia
Provinda do alto das esferas distantes do infinito
E desfrute deste clima de êxtase  e sutil encantamento.

 

AMOR E TRAIÇÃO
CONTO

 

 

CONFLITOS ÍNTIMOS
DE UM SOLTEIRÃO

 

A AMBICIOSA

 

 

MEMÓRIAS DE IRIO RODRIGUES
AUTO BIOGRAFIA


O MÁRTIR

 

OS TRÊS PODERES

 


 

Ó minha infância querida
Quando eu não pensava em nada,
Era só rolar a vida
No meu arquinho, na calçada


 

SAGRADA ORAÇÃO
DA PORTA DA CASA

 

 

  Senhor, abençoai esta casa, onde estiver esta oração sobre a porta, em nome de Jesus.
  Abençoa seu servo, sua serva  e seus descendentes, pelo santo mistério do Espírito Santo. Afastai as pragas e as enfermidades livrando-nos dos nossos inimigos, pelos poderes da Santíssima Trindade.
  Toda casa que tiver esta santa oração sobre a porta estará protegida dos ventos e temporais. Haverá paz, saúde e harmonia entre os seus habitantes.
  Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.